Não posso dizer que minha força está na solidão. Nunca esteve. Eu preciso de pessoas comigo. Preciso sentir que existe alguém que se importa. Alguém que me abrace quando estou triste, ria comigo quando estou feliz e que saiba o momento certo de me deixar um pouco sozinha. Eu me pergunto se essa pessoa realmente existe. Às vezes, acabo passando tanto tempo dentro do meu próprio mundinho que acaba sendo difícil distinguir o sonho da realidade. Idealizando, criando pessoas e expectativas.
Gosto desse tempo que é só meu, sem ninguém por perto para presenciar e julgar meus devaneios. Porém, depois de algumas horas, esse tempo torna-se torturante. Percebo o quão minha vida é sem graça, quantas pessoas e oportunidades perdi. Todos parecem tão felizes! Pergunto-me o que eles pensam quando estão sozinhos. Para mim, é extremamente difícil controlar os pensamentos de autodepreciação, de falta de sentido, dos choques com a realidade.
Até hoje não sei se o problema sou eu ou as pessoas.
Se elas se contentam com muito pouco ou se sou eu quem está querendo demais.
Sartre disse que "o inferno são os outros", acho que porque não existe nada mais complexo do que se relacionar com os outros. Mas eu prefiro duas outras mais otimistas, "a solidão enfraquece", do Olavo, e esta do Goethe, "o talento se molda na solidão, e o caráter na agitação do mundo". Somos um pouco de cada.
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